Natural de Vinhais e militar da GNR, Raul Araujo Gonçalves tem nos presenteado com belíssimas fotografias da fauna transmontana, com um foco especial nos pequenos animais, como insetos, anfíbios e aves. O seu talento foi reconhecido ao ser distinguido como fotógrafo do mês de novembro, com 26 fotografias selecionadas como “Escolha dos Editores” e 3 como “Destaque Público”. Destaca-se ainda o fato de uma das suas imagens ter sido escolhida como “Foto da Semana”, além de outras duas que alcançaram o segundo lugar em diversas votações para a eleição da “Foto da Semana”. Raul terminou o mês de novembro com um total de 78 pontos!
Para dar a conhecer um pouco mais da visão fotográfica do Raul, decidimos fazer-lhe uma série de perguntas às quais ele gentilmente respondeu. Aqui está o resultado:
Pergunta: Como apareceu a fotografia na sua vida?
Raul: A fotografia surgiu na minha vida de forma muito natural. Não sendo influência de familiares ou amigos. A minha primeira câmara fotográfica chegou às minhas mãos apenas em 2008, uma compacta que usava para fotografar todos os animais que encontrava na aldeia de onde sou natural e era algo que fazia sempre que tinha algum tempo livre, talvez para fugir ao stress inerente do dia a dia. Acredito que foi aqui que comecei a perceber que a fotografia e o contacto com a natureza era o que me deixava feliz.
Pergunta: Ainda se lembra qual era o modelo da máquina fotográfica em questão? Que outro tipo de material fotográfico tem vindo a utilizar desde então?
Raul: Sim. Era uma Sony H9. De seguida, mudei para uma Canon entrada de gama 1000d com as objetivas 18-55mm e 75-300mm.
Pergunta: Os géneros de fotografia que mais estão presentes no seu estilo são sem dúvida a macro e vida selvagem. Para a fotografia macro usa alguma objetiva dedicada ou um outro tipo de setup? E para vida selvagem, nunca sentiu a necessidade de ter uma objetiva com uma distância focal maior?
Raul: Sim é verdade. Atualmente uso uma Canon 60d. Para macrofotografia uso uma lente dedicada, a canon EF 100mm f/2.8 que me permite chegar ao rácio de 1:1. Quando sinto necessidade de superar essa ampliação recorro a tubos de Extensão Macro de 12, 20 e 36mm. Para vida selvagem a distância focal parece ser sempre muito curta, principalmente quando se trata de passeriformes. Utilizo a CANON EF 100-400mm f/4.5-5.6L IS.
Pergunta: Das suas fotos que foram distinguidas no nosso site durante o mês de novembro tem alguma preferida ou que tenha alguma história mais curiosa que queira partilhar?
Raul: Acredito sempre que a minha melhor fotografia é aquela que ainda não fiz e não tenho nenhuma que considere favorita. A fotografia “Swipe for Magic”, foi captada num dia péssimo para macrofotografia, estava muito vento e achava que a lagarta de papilio se ia soltar a qualquer momento. Não tinha luz artificial e a luz natural era insuficiente para congelar o movimento. Fui a casa buscar o material necessário e felizmente quando regressei a lagarta ainda estava no sítio. O vento não deu tréguas, dificultando a composição, mas eu estava determinado… Tecnicamente a iluminação da lagarta foi feita com dois flashes externos que permitiram congelar o movimento. A luz suave foi conseguida com difusores improvisados feitos em polipropileno alveolar branco. O fundo estava lindamente iluminado com luz natural. Após alguma dose de paciência, por fim consegui o resultado pretendido.
Pergunta: Que conselhos você daria para quem está a começar ou para quem deseja levar a sua fotografia ao próximo nível, seja no campo da macrofotografia ou na fotografia de vida selvagem?
Raul: Antes de mais é preciso compreender que a fotografia de natureza é muito humana, fotografamos por fascínio, para partilhar, para salvaguardar e sobretudo para consciencializar… A primeira coisa é pensar bem o que querem para este “hobby”, refletir sobre ética, saber até onde ir e respeitar aquilo que tanto amamos.
Conselhos para macrofotografia e fotografia de vida selvagem:
– Devemos conhecer bem o assunto a fotografar,
– Não ser aleatório, ir além do que está diante dos olhos,
– Ter uma imagem mental dos resultados pretendidos,
– Paciência, e
– Ética. Há fotos que não devem ser captadas se seguirmos os nossos princípios.
Para se evoluir em macrofotografia é importante adquirir objetivas macros com a maior distância focal possível. Sensor APS-C, mínimo 100mm e Full-Frame, 180 a 200 mm. Embora muito do meu trabalho seja com luz natural, considero importante ter pelo menos três flashes externos e saber iluminar com eles, isso permite trabalhar com maior profundidade de campo, congelar movimento e ser criativo.
Fim
Podem ver a galeria do Raul Araujo Gonçalves no nosso site https://olhares2.com/profile/?raulgonalves/, bem como na sua página de instagram https://www.instagram.com/raul_goncalves51/?hl=en.
Até já!
Envolve-te!
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