Nascido em Luanda no ano de 1960, Luis Lobo Henriques vive em Leiria desde 1983 onde é professor desde que concluiu a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na Universidade de Coimbra. Motivado pelo seu pai, que era livreiro, e pelas revistas que este comercializava, como a Zoom, a Photo francesa e as de moda como a Vogue, foi aos 18 anos que começou a conhecer de uma outra forma o mundo da fotografia. Segundo o mesmo; “A imagem era o “meu mundo” e isso foi a minha grande escola. Aprendi sozinho a observar, analisar e compor. Entretanto ia lendo tudo o que eram publicações sobre fotografia e técnicas para aprender a fazer. Mas ver os meus fotógrafos favoritos na PHOTO (em especial) era a minha grande escola no âmbito desta arte por que me apaixonei. Eu queria imitá-los, recriá-los…”
E é assim, com muito prazer, que apresentamos o nosso fotógrafo do mês de Setembro. Luis Lobo Henriques teve 26 fotos aprovadas pela equipa Olhares2, das quais 25 foram distinguidas como “Escolha Editores”, perfazendo assim o total de 51 pontos. Assim, de forma a dar a conhecer um pouco mais da visão fotográfica do Luis, decidimos fazer-lhe uma série de perguntas às quais ele gentilmente respondeu. Aqui está o resultado:
Pergunta: O curso de Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas não parece estar muito relacionado com a fotografia/imagem. A fotografia para si é apenas um hobby ou de alguma forma está relacionada com a sua ocupação profissional?
Luis: A fotografia foi desde sempre uma ocupação paralela. Faço-a por vezes a nível comercial, mas não vivo dela, o que me dá a chance de a encarar sempre como uma paixão e não uma obrigação. Mas no fundo, enquanto estudava literatura, sempre visionei as narrativas em termos de conceção de imagem/ilustração do que lia.
Pergunta: Dependendo da situação, qual é o material fotográfico que usa?
Luis: Uso a Canon Eos 90D e tenho várias lentes. Para retratos, tanto uso a 24-70mm como a 70-200mm dependendo do local, da luz e do efeito que pretendo. Muitas vezes também uso as fixas 50mm e/ou a 85mm. Para paisagem e viagens uso a 10-22mm, a 24-70mm e a 18-200mm. Aí depende do país/locais que visito e das necessidades que prevejo ter, mas levo sempre duas lentes comigo. Evito assim o excesso de lentes em viagem, porque é sabido o que custa o peso do material nas costas um dia inteiro! Como não sou grande adepto de macro, não tenho materiais específicos para esse tema. Para interiores, como é o caso de hotéis que por vezes fotografo, uso a 10-24mm, com os devidos cuidados posteriores na correção de distorções.
Pergunta: Das fotos que foram publicadas no nosso site durante o mês de Setembro tem alguma preferida ou que tenha alguma história mais curiosa que queira partilhar?
Luis: A foto “Último comboio em Jhansi” traz-me memórias muito vivas da Índia profunda. Estava a captar imagens na estação, à espera do meu comboio para Agra, quando aquela mulher deixa subitamente escorregar o rosto na grade da janela do comboio, penetrando com o olhar a minha objetiva, de modo a que eu lhe sentisse a alma toda… Porém, todas as imagens que publiquei têm uma narrativa especial.
Pergunta: Costuma viajar muito para fotografar? Ou são viagens mais ditas “turísticas” acompanhado de outras pessoas, seja amigos ou família, e depois aproveita e tira uma fotografias quando tem oportunidade?
Luis: Tanto viajo sozinho para fazer turismo e fotografar, como fotografo com amigos e aproveito as ocasiões, muitas vezes isolando-me para o fazer. De qualquer forma estou 12 horas por dia com a mochila e a máquina às costas ou ao ombro. Isto quando faço viagens ao estrangeiro ou nas ilhas. Açores, por exemplo, faço quase sempre sozinho para me focar na natureza e nos objetivos que pretendo captar. Em Portugal, é frequente viajar sozinho. Se bem que na minha perspetiva nunca estou só ou me sinto só com a minha máquina! Isto é como ser pescador. Só que o “peixe” neste contexto é outro.
Pergunta: E para países com realidades sociais distintas da nossa, como por exemplo o caso da Índia, costuma também ir sozinho? Tem alguns conselhos que possa dar para quem se queira aventurar em ir fotografar para um país tão diferente do nosso?
Luis: Fui duas vezes à Índia, mas nunca sozinho. Mesmo assim, o que se deve fazer é preparar muito bem a viagem e tentar conhecer previamente os locais a visitar, as condições climáticas, prevenir-se em termos de saúde, ter cuidados com a alimentação, etc. Mas essencialmente preparar-se para um país intenso que faz vibrar os nossos 5 sentidos. E fotografar. Fotografar muito, pois o apelo das cores e das gentes é sedutor. Março e abril são os melhores meses para se aventurar na Índia e captar boas imagens.
Pergunta: Que conselhos você daria a quem está a começar no mundo da fotografia ou para quem esteja a tentar levar a sua fotografia para o próximo nível?
Luis: Não basta saber as técnicas todas, dominar tudo o que é teoria, se não houver a sensibilidade visual para compor e dar alma ao que se faz. Para isso, é preciso “educar-se” visualmente, isto é, observar, observar e observar o trabalho dos grandes mestres e filtrar para tentar ficar com o melhor de cada um.
Fim
Podem ver a galeria do Luis Lobo Henriques no nosso site https://olhares2.com/profile/?lloboh/ e muito mais no site www.behance.net/luislobohenriques, bem como na sua página de instagram https://www.instagram.com/luis.lobo.henriques/.
Até já!
Envolve-te!
Comentários